Ana Ciscato - Entrevista - NDMais

Entrevista de Ana Ciscato ao ND+

Na última quinta, (22) foi comemorado o Dia Mundial da Inclusão das Pessoas Portadoras de Deficiência e motivada pela data e pelo trabalho da bailarina Analu Ciscato, que foi pioneira da dança inclusiva e que criou o grupo Apae Dança, a coluna Gente traz uma homenagem contando um pouco da sua história de vida, uma história que poucos conhecem, mas que fazem dela uma Bailarina do Bem.

ANA LUIZA CISCATO- bailarina do bem

A dança do coração e da inclusão tem seu toque de mestra

O sonho

Como toda menina, ela sonhava ser bailarina. Aos 13 anos ingressou no Ballet Carla Perotti, no Brooklin, em São Paulo, onde nasceu. Aos 21 anos já era dona da escola onde deu seus primeiros passos. Determinada, tal qual exige a vida de uma bailarina correu atrás de outra paixão: usar a dança para fazer o bem ao próximo. Pedagoga, arte-educadora e professora de dança formada pela Royal Academy of Dance, de Londres, em 1985, e com especialização em psicoballet, técnica de apoio a pessoas com deficiência, Ana Luiza trabalha com a inclusão social através da dança há mais de quinze anos.

A busca

Em 1993, viajou para Cuba onde participou do curso de metodologia cubana de dança clássica, com Fernando Alonso, um dos ícones do balé mundial. Tendo o ballet clássico como base, iniciou em 1995 o Projeto Criança que Dança, enquanto diretora do Ballet Carla Perotti de São Paulo, que resultou no atendimento e inclusão de 180 bailarinos-estudantes provenientes de favelas da zona sul da cidade. Em 2003 aplica o psicoballet na Estação Dançar, escola que fundou em Florianópolis – SC. Desde 2006, atua como professora e diretora artística do grupo de dança da Apae de Florianópolis, trabalho pelo qual recebeu o Prêmio Franklin Cascaes de Cultura em 2010.


Inspiração

A vontade de trabalhar com a dança inclusiva foi inspirada no seu irmão, um autista. E foi por ele que buscou um jeito de transformar portadores de necessidades especias, em bailarinos, independente dessa ou daquela limitação. Disposta a quebrar paradigmas, buscou em seus alunos a força de fazer uma dança diferente e todos eles , mesmo com dificuldades de aprendizado aprenderam e o resultado foi fantástico. “O desafio deu um impulso a dança uniu dois objetivos: Formar um grupo aprendendo dança clássica, e outro iniciar um trabalho social, de inclusão”, conta Ana Luiza.

Apae Dança

Seu objetivo era promover a participação efetiva dos alunos da Apae em um espetáculo de qualidade junto com os bailarinos da Estação Dançar. A ideia deu certo, e hoje a própria Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) mantém um grupo de dança. O primeiro espetáculo apresentado pelo grupo Apae Dança foi no TAC (Teatro Álvaro de Carvalho ) em dezembro de 2007 e “O Circo” foi marcado pela emoção e superação de cada um dos alunos da instituição.

Palco

O trabalho de Ana Luiza Ciscato de coordenar a equipe e ajudar os bailarinos a superarem suas limitações cresceu cada vez mais. Em dezembro de 2009 montou o espetáculo “Jogos e brincadeiras”. O grupo apresentou-se no Festival de Dança de Joinville em 2009 e 2010, além de participar de muitos eventos, festivais e congressos. Em julho de 2010, representou o Brasil no 7o Congresso Mundial de Arte e Drama do IDEA, em Belém do Pará.


Resultados

O que é mais gratificante para a bailarina, é poder ensinar a leveza dos movimentos da dança e ver que o trabalho proporcionou. “Os alunos tiveram um grande desenvolvimento no social, a vivência em espaços que raramente são reservados as pessoas com deficiência, como hotéis, aeroportos, conferências internacionais com tradução simultânea, grandes teatros”, diz ela. Já no emocional, “o aumento da segurança e da autoestima pelo fato de estarem sendo reconhecidos e admirados por pessoas de outras culturas, outras realidades e até outros países é o melhor dos aplausos”, completa.

O futuro

Atualmente o grupo está criando o espetáculo “Oriente em Branco e Preto”, baseado na cultura oriental, e enquanto Ana Luiza Ciscato calçar as sapatilhas do bem, os artistas que emocionam em cada apresentação serão vestidos do brilho que só a dança inclusiva é capaz de mostrar: é um legado, da arte de quem vai muito além do limite do palco.